sábado, 27 de outubro de 2012

Cuidado com os apelidos

Quando minha amiga me contou esta história passamos mal de dar risada... ela estava solteira, era uma típica noite de sábado (ombros de fora) e a paquera rolava solta num bar badaladinho onde tomava um drink no balcão, junto a outra amiga.
Tinham visto este mocinho na entrada. Sozinho, era alto e bem arrumado, gatinho, além de engomado, estereótipo de um tipo de paulista, sapato de bico fino e cabelo para trás com bastante gel.
Quando finalmente a mesa delas foi liberada, o mocinho se aproximou. Era simpático, contou histórias engraçadas e, como acontece com mais frequência que deveria, mostrou-se interessado na amiga menos interessada por ele - segundo ela, o "rrr" do "interiorrr" jamais tinha efeito excitante em seus ouvidos.
As duas estavam numa vibe ótima, queriam se divertir, dali foram a outro bar e por fim para uma balada. Conversaram no banheiro, não tinha como não chamá-lo e em princípio nenhuma das duas estava tão disposta, mas ele foi junto.
Mais drinks e o mocinho foi ficando mais atraente. Lá pelas tantas, ficou com a amiga na qual investira - a outra encontrara um outro affair. Sabe aquela coisa de "não tô fazendo nada mesmo...", para ela tudo começou assim.
E não é que passou até a curtir os "rrr´s" do mocinho, que por fim era um empresário - especula-se, milionário. Como toda menina em fase de recuperação de coração partido (e algumas permanentemente), tendia a fantasiar sobre as possibilidades de cada novo namoraninho.
Jantaram algumas vezes e por fim começaram a dormir juntos. No fundo, desde a primeira noite ela sabia que não era o cara certo, mas iludia-se como a gente tantas vezes faz. Não sentia aquela pegada, não tinha borboletas no estômago e nem aquela paz que só dormir juntinho depois de uma sessão de amor traz.
Com a intimidade, o mocinho foi se soltando. Ela sentia que ele curtia falar incessantemente na cama. A cada noite juntos, se surpreendia, ele ia além e o efeito daquilo nela era contrário, brochante.
Não encontrava a hora certa para falar com ele - na verdade, nem queria, só não tinha reconhecido que o romance estava com os dias contados. E assim numa noite de semana, cansada, o encontrou e na cama ouviu todo o repertório de apelidos possível para uma amante numa sequência frenética (ainda hoje se pergunta como ele conseguia falar tanto, respirar e transar ao mesmo tempo): de amorzinho (urgh!) a safada, de princesa a putinha. Sabia que estava mesmo no lugar errado, queria tampar os ouvidos e terminar tudo com ele no dia seguinte quando o que já parecia caótico piorou de vez: em meio a pérolas da mais pura sacanagem em palavras o mocinho disse que ela era... "o seu bebê!". Foi demais: tudo, mas bebê, com aquela voz infantil, não dava.
Travou de vez. Ele perguntou o que houve e ela disse que nada. Atá hoje se arrepende de não ter dado o feedback merecido e ajudado o mocinho nas suas próximas conquistas. Naturalmente (a rejeição leva as pessoas a correrem atrás das outras), ele ainda tentou contato mais algumas vezes, mas não tinha mais jeito: bebê não!

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