Quando minha amiga me contou esta história passamos mal de dar risada... ela estava solteira, era uma típica noite de sábado (ombros de fora) e a paquera rolava solta num bar badaladinho onde tomava um drink no balcão, junto a outra amiga.
Tinham visto este mocinho na entrada. Sozinho, era alto e bem arrumado, gatinho, além de engomado, estereótipo de um tipo de paulista, sapato de bico fino e cabelo para trás com bastante gel.
Quando finalmente a mesa delas foi liberada, o mocinho se aproximou. Era simpático, contou histórias engraçadas e, como acontece com mais frequência que deveria, mostrou-se interessado na amiga menos interessada por ele - segundo ela, o "rrr" do "interiorrr" jamais tinha efeito excitante em seus ouvidos.
As duas estavam numa vibe ótima, queriam se divertir, dali foram a outro bar e por fim para uma balada. Conversaram no banheiro, não tinha como não chamá-lo e em princípio nenhuma das duas estava tão disposta, mas ele foi junto.
Mais drinks e o mocinho foi ficando mais atraente. Lá pelas tantas, ficou com a amiga na qual investira - a outra encontrara um outro affair. Sabe aquela coisa de "não tô fazendo nada mesmo...", para ela tudo começou assim.
E não é que passou até a curtir os "rrr´s" do mocinho, que por fim era um empresário - especula-se, milionário. Como toda menina em fase de recuperação de coração partido (e algumas permanentemente), tendia a fantasiar sobre as possibilidades de cada novo namoraninho.
Jantaram algumas vezes e por fim começaram a dormir juntos. No fundo, desde a primeira noite ela sabia que não era o cara certo, mas iludia-se como a gente tantas vezes faz. Não sentia aquela pegada, não tinha borboletas no estômago e nem aquela paz que só dormir juntinho depois de uma sessão de amor traz.
Com a intimidade, o mocinho foi se soltando. Ela sentia que ele curtia falar incessantemente na cama. A cada noite juntos, se surpreendia, ele ia além e o efeito daquilo nela era contrário, brochante.
Não encontrava a hora certa para falar com ele - na verdade, nem queria, só não tinha reconhecido que o romance estava com os dias contados. E assim numa noite de semana, cansada, o encontrou e na cama ouviu todo o repertório de apelidos possível para uma amante numa sequência frenética (ainda hoje se pergunta como ele conseguia falar tanto, respirar e transar ao mesmo tempo): de amorzinho (urgh!) a safada, de princesa a putinha. Sabia que estava mesmo no lugar errado, queria tampar os ouvidos e terminar tudo com ele no dia seguinte quando o que já parecia caótico piorou de vez: em meio a pérolas da mais pura sacanagem em palavras o mocinho disse que ela era... "o seu bebê!". Foi demais: tudo, mas bebê, com aquela voz infantil, não dava.
Travou de vez. Ele perguntou o que houve e ela disse que nada. Atá hoje se arrepende de não ter dado o feedback merecido e ajudado o mocinho nas suas próximas conquistas. Naturalmente (a rejeição leva as pessoas a correrem atrás das outras), ele ainda tentou contato mais algumas vezes, mas não tinha mais jeito: bebê não!
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