domingo, 21 de novembro de 2010

Armadilha

Minha amiga andava carente, mas naquele dia saiu de casa ciente de que estava linda. Produção e, mais importante, aquele ar e sorriso que só a auto-estima em dia produz.
Foi quando se conheceram. Ela e duas amigas, ele e dois amigos. Ficaram, o cara era ótimo, carismático, porém totalmente fora dos seus padrões. Inteligente, apesar de repetitivo. Charmoso, mas não bonito... Segundo ela, era hora de quebrar paradigmas e dar uma chance... Chance bem dada. Foram 45 dias de chances. Cega, ela compensava todas as diferenças com a atenção, o carinho, a dedicação que ele tinha. Ela queria ser cuidada, mas caiu na armadilha de, sem perceber, encher o moço de esperança.
Um dia acordou na casa dele e não conseguiu ignorar a realidade. Estava no lugar errado. Estava tudo errado: da sua altura que a impedia de usar os saltos que tanto amava ao negativismo com que encarava a vida; do blackout fechado 24/7 enquanto ela amava janelas abertas para o sol aos planos e perspectivas de vida. Ela refletia e a lista crescia: valores, família, amigos, estilo, o que tinham em comum?! Até vinho suave ele tomava, seu pai a mataria se soubesse disso!
Tomada por uma quase crise de pânico, decidiu que, por pior que fosse, precisava encerrar ali. Foi uma DR daquelas que ela só conhecia por relatos das amigas (até nisso divergiam, ele dramático, filosofando, e ela triste pelos dois, mas certa de que quanto antes terminassem melhor, não havia o que conversar).
Por fim, deixou o ape e aprendeu a lição. NUNCA dar chances a ninguém que você descreva usando as palavras mas, porém, entretanto ou apesar mais de uma vez no primeiro parágrafo. Simplesmente não vai rolar.

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