Uma amiga me contou - lembrem-se da regra do blog: uma amiga sempre me contou, não importa se comigo ou com elas (há mais de uma fonte para essas histórias!), vamos todas terceirizar nossos "causos" ou perderemos maridos, namorados, affaires presentes ou futuros...
Pois então, depois de um longo namoro era seu primeiro "namoraninho", quatro anos mais novo - se aproximar dos 30 solteira é também experimentar ser a mais velha do casal...
Ficaram algumas vezes, aquela energia peculiar da juventude (detalhe: ele tinha 24, mas, naturalmente, disse que tinha 25, coisa de menino), até que ela aceitou o convite para dormir na casa dele. Ele morava com a irmã, checou o MSN (básico!), e foram para o quarto.
A primeira noite com um gatinho mais novo é sempre um mistério, segundo ela foi nota 7. Quebrou uma regra dessas situações e decidiu dormir por lá... Na madrugada, a tal irmã bateu à porta, levou um susto, controlado pelo rapaz... De manhã, levantou cedo, colocou seu micro vestido nada apropriado para o horário e, na ausência de um removedor, tirou a maquiagem com papel higiênico (aiaiai!), escovou os cabelos e os dentes com os dedos (nessas horas nunca há um pente ou um listerine!) e voltou para se despedir - o mocinho simplesmente não acordava!
Tentou de todas as formas, nada. Decidiu chamar um taxi. Não tinha o endereço! Procurou entre a papelada sobre a mesa - beleza, uma conta de luz! Domingo cedo no Rio, ninguém quer trabalhar... Depois de muito stress e um pedido de ajuda a uma amiga por outros telefones de taxis (fora os que encontrou no celular dele, onde também viu mensagens para outras gatinhas), finalmente agendou - 30 minutos de espera.
Perambulou pela casa, tentou acordar o mocinho. Tirou mais um pouco do rímel (que nunca acaba!), tentou acordar o mocinho. Tomou um pouco de água, voltou para ver se ele estava mesmo vivo. Finalmente, era hora de descer.
Ao entrar na sala, foi surpreendida por um cachorro fofo, e ouviu: "Que estranho amor, de quem é esse salto dessa altura?! Nossa filha nunca usaria um sapato desses (quem ousa falar assim de uma meia pata maravilhosa da última coleção da Arezzo?)! Levantou os olhos do cachorrinho e se deparou com os pais chegando para uma visita ao filhinho...
A mãe a fulminava com aquele olhar de julgamento. O pai parecia mais preocupado com as suas pernas (certamente orgulhoso do filho)... Muito sem graça, decidiu agir com naturalidade: "Tudo bem pessoal, muito prazer, sou a _____. Desculpem-me, mas o taxi me espera lá embaixo, já estou de saída, até mais!"
Desceu fazendo caretas no elevador... entrou no taxi aliviada e pediu para o motorista ir pela praia... viu um nascer do sol lindo dando risada... "É fato, a gente tem que ter história pra contar, mas nessa altura, há anos independente, dar de cara com os pais num amanhã de domigo é demais... Os 30 são, definitivamente, os novos 20."
Naturalmente, tempos depois, contou às amigas o episódio, e elegeu entre as várias sugestões de resposta aquela que dizia que, no seu lugar, teria espanado a TV e se fingido de diarista... aí certamente o papai não aguentaria.
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